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St John Paul II's 3rd Apostolic Visit to Portugal

12th - 13th May, Feast of Our Lady of Fatima, in the Jubilee 2000

Papa São João Paulo II was a pilgrim to Portugal for the third time in the Jubilee Year 2000, specifically to visit Fátima for the Feast of Our Lady of Fatima and the beatification of the shepherd children Francisco and Jacinta Marto. JPII's previous two visits had been over the feast of Our Lady of Fatima in 1982 & 1991 (the first & tenth anniversaries of the assassination attempt on his life).

Pope St John Paul II's itinerary included:
Friday 12th May - Welcome Ceremony in Lisbon
Feast of Our Lady of Fatima, 13th May - Beatification of Francisco & Jacinta Marto in the Sanctuary of Our Lady of the Rosary in Fátima  , Greeting to the sick and Cardinal Angelo Sodano's address regarding the "third part" of the secret of Fátima.

Discurso do Papa San João Paulo II a la Ceremónia de Boas-Vindas
Sexta-feira, 12 de Maio de 2000, Aeroporto Internacional "Portela" de Lisboa - also in English, French, Italian & Spanish

"Senhor Presidente da República, Senhor Primeiro Ministro,
Venerando Senhor Patriarca de Lisboa, Amados Irmãos no Episcopado,
Distintas Autoridades, Minhas Senhoras e meus Senhores!
Deus concedeu-me voltar a Portugal, pelo que Lhe dou graças e O bendigo. A vós que vos reunistes aqui para me receber e a todos os filhos e filhas desta nobre Nação, transmito as minhas cordiais saudações de solidariedade e de paz. A minha saudação primeira e atenciosa é para Vossa Excelência, Senhor Presidente, que quis honrar a minha chegada com a sua presença: muito obrigado!

Quero desde já agradecer toda a compreensão e disponibilidade com que as Autoridades do Estado tornaram possível esta breve visita que se resume praticamente a uma cerimónia litúrgica no Santuário de Fátima. De facto, acolhendo o apelo insistente dos Senhores Bispos de Portugal, aceitei deslocar-me à Cova da Iria para celebrar, juntamente com a Comunidade católica, a beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto na própria terra que lhes deu o berço e, agora, o altar. Sei que a Pátria canta os seus heróis e gloria-se dos seus Santos; o Papa associa-se de bom grado à alegria de Portugal.

Ao início da minha visita, exprimo a minha profunda estima e afecto a todos os portugueses, a quem desejo um futuro de paz, bem-estar e prosperidade, prosseguindo na senda das suas tradições e valores pátrios mais genuínos, que assentam no cristianismo. Que Deus vele sobre todos os filhos e filhas desta Terra de Santa Maria. Deus abençoe Portugal!"

Homilia do Papa São João Paulo ii na Cerimônia da Beatificação dos Francisco e Jacinta, Pastorinhos de Fátima      
Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, Sábado, 13 de Maio de 2000 - also in English, French, German, Italian & Spanish

1. Eu Te bendigo, ó Pai, (...) porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos» (Mt 11, 25).

Com estas palavras, amados irmãos e irmãs, Jesus louva os desígnios do Pai celeste; sabe que ninguém pode vir ter com Ele, se não for atraído pelo Pai (cf. Jo 6, 44), por isso louva por este desígnio e abraça-o filialmente: «Sim, Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do teu agrado» (Mt 11, 26). Quiseste abrir o Reino aos pequeninos.

Por desígnio divino, veio do Céu a esta terra, à procura dos pequeninos privilegiados do Pai, «uma Mulher revestida com o Sol» (Ap 12, 1). Fala-lhes com voz e coração de mãe: convida-os a oferecerem-se como vítimas de reparação, oferecendo-Se Ela para os conduzir, seguros, até Deus. Foi então que das suas mãos maternas saiu uma luz que os penetrou intimamente, sentindo-se imersos em Deus como quando uma pessoa ― explicam eles ― se contempla num espelho.

Mais tarde, Francisco, um dos três privilegiados, exclamava: «Nós estávamos a arder naquela luz que é Deus e não nos queimávamos. Como é Deus? Não se pode dizer. Isto sim que a gente não pode dizer». Deus: uma luz que arde, mas não queima. A mesma sensação teve Moisés, quando viu Deus na sarça ardente; lá ouviu Deus falar, preocupado com a escravidão do seu povo e decidido a libertá-lo por meio dele: «Eu estarei contigo» (cf. Ex 3, 2-12). Quantos acolhem esta presença tornam-se morada e, consequentemente, «sarça ardente» do Altíssimo.

2. Ao beato Francisco, o que mais o impressionava e absorvia era Deus naquela luz imensa que penetrara no íntimo dos três. Só a ele, porém, Deus Se dera a conhecer «tão triste», como ele dizia. Certa noite, seu pai ouviu-o soluçar e perguntou-lhe porque chorava; o filho respondeu: «Pensava em Jesus que está tão triste por causa dos pecados que se cometem contra Ele». Vive movido pelo único desejo ― tão expressivo do modo de pensar das crianças ― de «consolar e dar alegria a Jesus».

Na sua vida, dá-se uma transformação que poderíamos chamar radical; uma transformação certamente não comum em crianças da sua idade. Entrega-se a uma vida espiritual intensa, que se traduz em oração assídua e fervorosa, chegando a uma verdadeira forma de união mística com o Senhor. Isto mesmo leva-o a uma progressiva purificação do espírito, através da renúncia aos próprios gostos e até às brincadeiras inocentes de criança.

Suportou os grandes sofrimentos da doença que o levou à morte, sem nunca se lamentar. Tudo lhe parecia pouco para consolar Jesus; morreu com um sorriso nos lábios. Grande era, no pequeno Francisco, o desejo de reparar as ofensas dos pecadores, esforçando-se por ser bom e oferecendo sacrifícios e oração. E Jacinta sua irmã, quase dois anos mais nova que ele, vivia animada pelos mesmos sentimentos.

3. «E apareceu no Céu outro sinal: um enorme Dragão» (Ap 12, 3).

Estas palavras da primeira leitura da Missa fazem-nos pensar na grande luta que se trava entre o bem e o mal, podendo-se constatar como o homem, pondo Deus de lado, não consegue chegar à felicidade, antes acaba por destruir-se a si próprio.

Quantas vítimas ao longo do último século do segundo milénio! Vêm à memória os horrores da primeira e segunda Grande Guerra e doutras mais em tantas partes do mundo, os campos de concentração e extermínio, os gulags, as limpezas étnicas e as perseguições, o terrorismo, os raptos de pessoas, a droga, os atentados contra os nascituros e a família.

A mensagem de Fátima é um apelo à conversão, alertando a humanidade para não fazer o jogo do «dragão» que, com a «cauda, arrastou um terço das estrelas do Céu e lançou-as sobre a terra» (Ap 12, 4). A meta última do homem é o Céu, sua verdadeira casa onde o Pai celeste, no seu amor misericordioso, por todos espera.

Deus não quer que ninguém se perca; por isso, há dois mil anos, mandou à terra o seu Filho «procurar e salvar o que estava perdido» (Lc 19, 10). E Ele salvou-nos com a sua morte na cruz; que ninguém torne vã aquela Cruz! Jesus morreu e ressuscitou para ser «o primogénito de muitos irmãos» (Rom 8, 29).

Na sua solicitude materna, a Santíssima Virgem veio aqui, a Fátima, pedir aos homens para «não ofenderem mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido». É a dor de mãe que A faz falar; está em jogo a sorte de seus filhos. Por isso, dizia aos pastorinhos: «Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas».

4. A pequena Jacinta sentiu e viveu como própria esta aflição de Nossa Senhora, oferecendo-se heroicamente como vítima pelos pecadores. Um dia ― já ela e Francisco tinham contraído a doença que os obrigava a estarem pela cama ― a Virgem Maria veio visitá-los a casa, como conta a pequenita: «Nossa Senhora veio-nos ver e diz que vem buscar o Francisco muito breve para o Céu. E a mim perguntou-me se queria ainda converter mais pecadores. Disse-lhe que sim». E, ao aproximar-se o momento da partida do Francisco, Jacinta recomenda-lhe: «Dá muitas saudades minhas a Nosso Senhor e a Nossa Senhora e diz-lhes que sofro tudo quanto Eles quiserem para converter os pecadores». Jacinta ficara tão impressionada com a visão do inferno durante a aparição de 13 [treze] de Julho, que nenhuma mortificação e penitência era demais para salvar os pecadores.

Bem podia ela exclamar com São Paulo: «Alegro-me de sofrer por vós e completo em mim própria o que falta às tribulações de Cristo, em benefício do seu Corpo, que é a Igreja» (Col 1, 24). No domingo passado, junto ao Coliseu de Roma, fizemos a comemoração de tantas testemunhas da fé do século XX [vinte], recordando as tribulações por elas sofridas, através de significativos testemunhos que nos deixaram. Uma nuvem incalculável de testemunhas corajosas da fé legou-nos uma herança preciosa, que deve permanecer viva no terceiro milénio. Aqui em Fátima, onde foram vaticinados estes tempos de tribulação pedindo Nossa Senhora oração e penitência para abreviá-los, quero hoje dar graças ao Céu pela força do testemunho que se manifestou em todas aquelas vidas. E desejo uma vez mais celebrar a bondade do Senhor para comigo, quando, duramente atingido naquele dia 13 [treze] de Maio de 1981 [mil novecentos e oitenta e um], fui salvo da morte. Exprimo a minha gratidão também à beata Jacinta pelos sacrifícios e orações oferecidas pelo Santo Padre, que ela tinha visto em grande sofrimento.

5. «Eu Te bendigo, ó Pai, porque revelaste estas verdades aos pequeninos». O louvor de Jesus toma hoje a forma solene da beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta. A Igreja quer, com este rito, colocar sobre o candelabro estas duas candeias que Deus acendeu para alumiar a humanidade nas suas horas sombrias e inquietas. Brilhem elas sobre o caminho desta multidão imensa de peregrinos e quantos mais nos acompanham pela rádio e televisão. Sejam uma luz amiga a iluminar Portugal inteiro e, de modo especial, esta diocese de Leiria-Fátima.

Agradeço ao Senhor Dom Serafim, Bispo desta ilustre Igreja particular, as suas palavras de boas vindas, e com grande alegria saúdo todo o Episcopado português e suas dioceses que muito amo e exorto a imitar os seus Santos. Uma saudação fraterna aos Cardeais e Bispos presentes, com menção particular para os Pastores da Comunidade de Países de Língua Portuguesa: a Virgem Maria alcance a reconciliação do povo angolano; conforte os sinistrados de Moçambique; vele pelos passos de Timor Lorosae, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe; e preserve na unidade da fé os seus filhos e filhas do Brasil.

Saúdo com deferência o Senhor Primeiro Ministro e demais Autoridades que quiseram participar nesta Celebração, aproveitando este momento para, na sua pessoa, exprimir o meu reconhecimento a todos pela sua colaboração que tornou possível esta minha peregrinação. Um abraço cordial e uma bênção particular à paróquia e cidade de Fátima que hoje se alegra pelos seus filhos elevados às honras dos altares.

6. A minha última palavra é para as crianças: Queridos meninos e meninas, vejo muitos de vós vestidos como Francisco e Jacinta. Fica-vos muito bem! Mas, logo ou amanhã, já deixais essa roupa e... acabam-se os pastorinhos. Não haviam de acabar, pois não?! É que Nossa Senhora precisa muito de vós todos, para consolar Jesus, triste com as asneiras que se fazem; precisa das vossas orações e sacrifícios pelos pecadores.

Pedi aos vossos pais e educadores que vos metam na «escola» de Nossa Senhora, para que Ela vos ensine a ser como os pastorinhos, que procuravam fazer tudo o que lhes pedia. Digo-vos que «se avança mais em pouco tempo de submissão e dependência de Maria, que durante anos inteiros de iniciativas pessoais, apoiados apenas em si mesmos» (S. Luís de Montfort, Tratado da verdadeira devoção à SS.ma Virgem, nº 155). Foi assim que os pastorinhos se tornaram santos depressa. Uma mulher que acolhera a Jacinta em Lisboa, ao ouvir conselhos tão bons e acertados que a pequenita dava, perguntou quem lhos ensinava. «Foi Nossa Senhora» ― respondeu. Entregando-se com total generosidade à direcção de tão boa Mestra, Jacinta e Francisco subiram em pouco tempo aos cumes da perfeição.

7. «Eu Te bendigo, ó Pai, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos».

Eu Te bendigo, ó Pai, por todos os teus pequeninos, a começar da Virgem Maria, tua humilde Serva, até aos pastorinhos Francisco e Jacinta.

Que a mensagem das suas vidas permaneça sempre viva para iluminar o caminho da humanidade!"

Papa San Giovanni Paolo II's Greeting to the Sick
Fatima, Saturday, 13 May 2000 - in English, French, German, Italian, Portuguese & Spanish

"Dear Pilgrims to Fátima!
I now desire to address a particular greeting to the numerous sick here present. With this I intend also to embrace all those who, whether at home or in hospital, accompany us spiritually.

The Pope greets you with deep affection, dearest sick people, assuring you
of a special remembrance in prayer for you and for those who are close to you. I carry the desires and requests of each of you to the altar on which Jesus incessantly intercedes and sacrifices himself for humanity.

I have come among you today as a witness to the risen Jesus. He knows what it is to suffer; he lived the anguish of death; with his death however he destroyed death itself, being Himself the first human being, in the absolute, to be freed definitively from its chains. He accomplished the whole journey of man all the way to the homeland of Heaven, where he has prepared a throne of glory for each of us.

Dearest sick brother (or sister)!
If someone or something makes you think you have reached the end of the line, do not believe it! If you know the eternal Love who created you, you also know that
within you there is an immortal soul. There are diverse seasons in life; if by chance you feel winter approaching, I want you to know that it is not the last season, because the last one will be spring: the springtime of the Resurrection. The totality of your life extends infinitely beyond its earthly confines: heaven awaits you.

Dearest sick people! I know that "the sufferings of the present moment are not worth comparing with the glory that is to be revealed to us" (Rom 8, 18). Have courage! In this Holy Year an abundance of the Father's grace is poured out on those who know how to receive it with the simple, trusting heart of a child. Jesus reminded us of this in the Gospel passage proclaimed earlier. Seek also to be numbered among these "little ones", dear sick people, so that Jesus may delight in you. In a little while He will draw near you to bless you in the Most Holy Sacrament. He comes to you with the promise: "Behold, I make all things new" (Rv 21, 5). Have trust! Abandon yourselves into his provident hands, as did the little shepherds Francisco and Jacinta. They are telling you that you are not alone. The heavenly Father loves you."

Cardinal Angelo Sodano's Address regarding
the 'third part' of the secret of Fatima
at the conclusion of Mass, Fatima, 13 May 2000 - in English, French, German, Italian, Portuguese & Spanish

"Brothers and Sisters in the Lord!
At the conclusion of this solemn celebration, I feel bound to offer to our beloved Holy Father John Paul II, on behalf of all present, heartfelt good wishes for his approaching eightieth birthday and to thank him for his significant pastoral ministry for the good of all God’s Holy Church.

On the solemn occasion of his visit to Fatima, His Holiness has directed me to make an announcement to you. As you know, the purpose of his visit to Fatima has been to beatify the two "little shepherds". Nevertheless he also wishes his pilgrimage to be a renewed gesture of gratitude to Our Lady for her protection during these years of his papacy. This protection seems also to be linked to the so-called "third part" of the secret of Fatima.

That text contains a prophetic vision similar to those found in Sacred Scripture, which do not describe with photographic clarity the details of future events, but rather synthesize and condense against a unified background events spread out over time in a succession and a duration which are not specified. As a result, the text must be interpreted in a symbolic key.

The vision of Fatima concerns above all the war waged by atheist systems against the Church and Christians, and it describes the immense suffering endured by the witnesses to the faith in the last century of the second millennium. It is an interminable Way of the Cross led by the Popes of the twentieth century.

According to the interpretation of the "little shepherds", which was also recently confirmed by Sister Lucia, the "Bishop clothed in white" who prays for all the faithful is the Pope. As he makes his way with great effort towards the Cross amid the corpses of those who were martyred (Bishops, priests, men and women religious and many lay persons), he too falls to the ground, apparently dead, under a burst of gunfire.

After the assassination attempt of 13 May 1981, it appeared evident to His Holiness that it was "a motherly hand which guided the bullet’s path", enabling the "dying Pope" to halt "at the threshold of death" (Pope John Paul II. Meditation with the Italian Bishops from the Policlinico Gemelli, Insegnamenti, vol XVII/1, 1994, p 1061). On the occasion of a visit to Rome by the then Bishop of Leiria-Fatima, the Pope decided to give him the bullet which had remained in the jeep after the assassination attempt, so that it might be kept in the Shrine. At the behest of the Bishop, the bullet was later set in the crown of the statue of Our Lady of Fatima.

The successive events of 1989 led, both in the Soviet Union and in a number of countries of Eastern Europe, to the fall of the Communist regime which promoted atheism. For this too His Holiness offers heartfelt thanks to the Most Holy Virgin. In other parts of the world, however, attacks against the Church and against Christians, together with the burden of suffering which they involve, tragically continue. Even if the events to which the third part of the Secret of Fatima refers now seem part of the past, Our Lady’s call to conversion and penance, issued at the beginning of the twentieth century, remains timely and urgent today. "The Lady of the message seems to read the signs of the times - the signs of our time - with special insight... The insistent invitation of Mary Most Holy to penance is nothing but the manifestation of her maternal concern for the fate of the human family, in need of conversion and forgiveness" (Pope John Paul II, Message for the 1997 World Day of the Sick).

In order that the faithful may better receive the message of Our Lady of Fatima, the Pope has charged the Congregation for the Doctrine of the Faith with making public the third part of the secret, after the preparation of an appropriate commentary.

Let us thank Our Lady of Fatima for her protection. To her maternal intercession let us entrust the Church of the Third Millennium.

Sub tuum praesidium confugimus, Sancta Dei Genetrix!"